Protocolo de Consulta dos Beiradeiros do Riozinho Anfrísio (2023)
“Depois do segundo ciclo da borracha, os patrões seringalistas, que se diziam donos do nosso território, foram enfraquecendo e aos poucos saindo do Riozinho do Anfrísio. Muitos beiradeiros se mudaram dos igarapés afluentes para as margens do Riozinho. Foi um período de abandono em que muitas famílias ficaram sem acesso à educação, apoio para procurar tratamento de saúde e alternativas de renda. A partir dos anos 1980, nosso território e a região do entorno passaram a ser alvo de madeireiros ilegais, de atividades de mineração e de grileiros.
Na década de 2010, fomos impactados pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, que foi autorizada pelo governo para barrar o rio Xingu sem consultar as comunidades do Riozinho do Anfrísio, e que trouxe impactos sobre nossas vidas, principalmente na pesca, no aumento das pressões e ameaças sobre nosso território, como a retomada do roubo de madeira, o aumento de pescadores ilegais e também de conflitos.
Nós fizemos este protocolo para informar aos governos, empresas, pesquisadores e demais interessados sobre como queremos ser consultados sobre atividades que tratam sobre nosso território e nossas vidas. Para que situações como a de Belo Monte não se repitam. Sabemos que a Constituição de 1988 e a Convenção nº. 169 da Organização Internacional do Trabalho (C169/OIT) apoiam nosso direito de sermos consultados e de nossas opiniões serem consideradas antes de qualquer decisão que afete as comunidades tradicionais do Riozinho do Anfrísio.”
Baixar: Protocolo de Consulta dos Beiradeiros do Riozinho do Anfrísio